domingo, 4 de setembro de 2011

Recomendações de ácidos graxos na dieta



As gorduras da dieta têm sido extensamente discutidas. Até então a recomendação principal quanto a gordura na dieta era de que a quantidade de gordura saturada deveria ser reduzida. Porém hoje não importa somente esta informação. Cada vez mais devemos ter maior atenção quanto à qualidade da gordura ( em prol da  quantidade). È importantíssimo ingerir gorduras gorduras mono e poliinsaturadas. Tenho visto a mudança de diversos guias alimentares destinados a informar a população, aparecendo azeite de oliva e oleaginosas como alimentos importantes na promoção da saúde.

Embasamento científico:

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou em 2010 uma atualização de suas recomendações sobre ingestão de ácidos graxos. Foi realizada uma revisão dos artigos científicos mais relevantes e recentes, e então foi publicado um documento oficial de recomendações: Interim Summary of Conclusions and Dietary Recommendations on Total Fat & Fatty Acids [Resumo Interino de Conclusões e Recomendações Dietéticas de Gorduras Totais e Ácidos Graxos]. Com isso o comitê de especialistas da OMS ressaltou a importância da qualidade das gorduras da alimentação para a saúde cardiovascular e destacou que é mais relevante observar o tipo de gordura do que buscar exclusivamente o controle da quantidade total de ácidos graxos consumidos.

Foi ainda recomendado que o consumo de gorduras poliinsaturadas deve ser aumentado, representando de 6 a 11% do valor calórico total da dieta, além disso o documento da OMS, ressaltou que a substituição de gorduras saturadas por poliinsaturadas reduz o colesterol sérico e diminui o risco de doenças cardiovasculares.  

Importante pesquisa denominada metanálise, realizada por pesquisadores de Harvard foi publicada em março 2010 no JAMA – “Effects on Coronary Heart Disease of Increasing Polyunsaturated Fat in Place of Saturated Fat: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials”-. Foram revisados mais de 300 estudos clínicos que avaliaram o impacto do aumento do consumo de ácidos graxos poliinsaturados como substitutos das gorduras saturadas na dieta (Mozaffarian e col. 2010).

Através dele os autores concluíram que a substituição de ácidos graxos saturados por poliinsaturados reduz o risco de eventos cardiovasculares. Para cada aumento de 5% do valor energético total da dieta, proveniente de gorduras poliinsaturadas, foi encontrada uma redução de cerca de 10% no risco de doenças coronarianas.
Com isso, os autores sugerem que a população aumente a ingestão de ácidos graxos poliinsaturados, em substituição as gorduras saturadas e com isso diminuir a incidência de doenças cardiovasculares.

Pesquisa anteriormente publicada por Keys e colaboradores já havia demonstrado a relação dos diferentes ácidos graxos com os níveis de colesterol sérico, um reconhecido fator de risco para a saúde cardiovascular. Enquanto o consumo de gordura do tipo saturada aumentava o colesterol, ácidos graxos poliinsaturados reduziam significativamente os níveis de colesterol total. Em seguida metanalise publicada por Mensink e colaboradores (2003) chegaram a resultados semelhantes. 

Benefícios comprovados: a gordura não é vilã:

Assim, as gorduras poliinsaturadas estão amplamente reconhecidas por seus efeitos benéficos, baseados em diversas publicações cientificas. Portanto devemos ampliar cada vez a informação a população, especialmente agregar esta informação naqueles que estão em tratamento para dislipidemia e doenças cardiovasculares.

Para isso deve-se ter especial atenção à quantidade de gorduras saturadas para que não exceda 10% das calorias ingeridas, encontradas principalmente nos lacticínios integrais, carne vermelha, pele de aves, miúdos, crustáceos e alguns frutos do mar.

Igualmente importante é aumentar o consumo de gorduras poliinsaturadas presentes nos óleos de girassol, soja, milho, algodão, canola, além das oleaginosas, linhaça e peixes gordurosos de águas frias e profundas. Ao total as gorduras podem atingir entre 30 a 33% das calorias totais diárias, isso mesmo, parece muito? Parece-me suficiente para trazer saúde e prevenção!

Linhaça dourada
Para terminar, estas escolhas alimentares promovem uma importante contribuição na prevenção de doenças cardiovasculares, melhora metabólica, melhor controle do diabetes (assunto que pretendo abordar em outro momento), melhores taxas de colesterol como vimos nos estudos acima.


Coloque um punhado de linhaça no seu iogurte, seu coração agradece!

Dra Camila Perlin Ramos

Nenhum comentário: