Tamanha
é a importância da leguminosa que o Guia Alimentar para a População Brasileira,
elaborado pelo Ministério da Saúde, incentiva o consumo do feijão e coloca sua
ingestão como parte de um dos dez passos para uma alimentação saudável. Ele
representa uma importante fonte de ferro, fósforo, magnésio, manganês, cálcio,
e em menor proporção de zinco e cobre. É ainda uma fonte relativamente boa de
vitaminas hidrossolúveis como niacina, tiamina, riboflavina, piridoxina, e
ácido fólico. Por conta do seu alto teor de fibras solúveis, contribui para
reduzir os níveis séricos de glicose e colesterol, estimular a saciedade, e
prevenir certas neoplasias como as do cólon.
Entre
outros componentes do feijão, destaca-se a presença de substâncias
antioxidantes – também vinculadas a um menor risco no desenvolvimento de alguns
tipos de câncer e a uma menor incidência de doenças degenerativas – e de
isoforma 1 do inibidor de alfa-amilase, com seu potencial efeito no combate à
obesidade e no tratamento adjuvante do diabetes.
Uma
das maiores vantagens nutricionais do feijão reside na sua farta composição de
proteínas, que ao contrário daquelas de origem animal, contém baixos teores de
gorduras totais e saturadas. Trata-se possivelmente da maior fonte protéica
para as populações de baixa renda. Seu valor biológico, porém, deixa a desejar
quando consumido isoladamente. Isso se deve, em grande medida, à baixa oferta
de aminoácidos sulfurados como metionina, cisteína, e cistina. Daí a
recomendação para que ele compartilhe o prato com alimentos da classe dos
cereais, como arroz, trigo ou milho. Individualmente, o feijão e o arroz, por
exemplo, possuem aminoácidos que se completam. O primeiro é rico em lisina, mas
depende da metionina, presente no segundo, para compor uma refeição de maior
valor protéico.
Pesquisa:
Vários
centros especializados, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) pesquisam ativamente como incrementar as propriedades nutricionais do
feijão. Uma das estratégias visa reduzir sua concentração de taninos e fitatos
– fatores antinutricionais que, por queralem cálcio, ferro, magnésio e zinco,
comprometem a quantidade desses minerais que é efetivamente retida pelo organismo.
Tal expediente leva em conta o fato de que esses fatores antinutricionais não
podem ser eliminados completamente, uma vez que constituem importante fonte de
fósforo para germinação da semente.
A
análise da composição centesimal e o estudo da biodisponibilidade de minerais
presentes no feijão ocupam papel central de uma pesquisa empreendida pela
professora Norka Beatriz Barrueto Gonzalez, do Curso de Nutrição do Instituto
de Biociências da Unesp de Botucatu. Ao avaliar as variedades de feijão mais
consumidas no País (todas elas obtidas por melhoramento genético pela EMBRAPA),
a pesquisadora constatou que o carioca, o preto, o branco e o rosa são os mais
nutritivos, superando em 25% o teor protéico e em 300% o teor de cálcio dos
demais. Em um país como o Brasil, em que a dieta geral é pobre em cálcio, a
pesquisadora pondera que o feijão pode ser instrumental na prevenção de
osteoporose precoce.
Em
uma segunda etapa, o braço experimental desse mesmo estudo utilizou ratos
Wistars, recém-desmamados, para determinar a biodisponibilidade de minerais a
partir de dietas com diferentes tipos de feijão. Cálcio e magnésio figuraram
entre aqueles mais bem absorvidos, enquanto cobre e zinco o fizeram em menor
proporção.
Como
esperado, todos os feijões nesse estudo apresentaram deficiência de um ou mais
aminoácidos, sublinhando a necessidade de que seu consumo esteja associado a um
cereal.
.
Tabela 1 – Composição nutricional (por 100g)
|
|||
Feijão-preto
|
Feijão-carioca
|
||
Calorias
|
77
cal
|
76
cal
|
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Proteínas
|
4,5
g
|
4,8
g
|
|
Lipídios
|
0,5
g
|
0,5
g
|
|
Colesterol
|
0,0
mg
|
0,0
mg
|
|
Carboidrato
|
14
g
|
13,6
g
|
|
Fibra
|
8,4
g
|
8,5
g
|
|
Cálcio
|
29
mg
|
27
mg
|
|
Ferro
|
1,5
mg
|
1,3
mg
|
|
Potássio
|
256
mg
|
255
mg
|
|
Fonte:
Nucleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp.
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Bibliografia:
Feijão. In: Foco – Nestlé Bio Nutrição e Saúde. São Paulo: ano 3, nº6, julho
2008. p.37-41
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