sábado, 13 de outubro de 2012

Feijão





Tamanha é a importância da leguminosa que o Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, incentiva o consumo do feijão e coloca sua ingestão como parte de um dos dez passos para uma alimentação saudável. Ele representa uma importante fonte de ferro, fósforo, magnésio, manganês, cálcio, e em menor proporção de zinco e cobre. É ainda uma fonte relativamente boa de vitaminas hidrossolúveis como niacina, tiamina, riboflavina, piridoxina, e ácido fólico. Por conta do seu alto teor de fibras solúveis, contribui para reduzir os níveis séricos de glicose e colesterol, estimular a saciedade, e prevenir certas neoplasias como as do cólon.
Entre outros componentes do feijão, destaca-se a presença de substâncias antioxidantes – também vinculadas a um menor risco no desenvolvimento de alguns tipos de câncer e a uma menor incidência de doenças degenerativas – e de isoforma 1 do inibidor de alfa-amilase, com seu potencial efeito no combate à obesidade e no tratamento adjuvante do diabetes.
Uma das maiores vantagens nutricionais do feijão reside na sua farta composição de proteínas, que ao contrário daquelas de origem animal, contém baixos teores de gorduras totais e saturadas. Trata-se possivelmente da maior fonte protéica para as populações de baixa renda. Seu valor biológico, porém, deixa a desejar quando consumido isoladamente. Isso se deve, em grande medida, à baixa oferta de aminoácidos sulfurados como metionina, cisteína, e cistina. Daí a recomendação para que ele compartilhe o prato com alimentos da classe dos cereais, como arroz, trigo ou milho. Individualmente, o feijão e o arroz, por exemplo, possuem aminoácidos que se completam. O primeiro é rico em lisina, mas depende da metionina, presente no segundo, para compor uma refeição de maior valor protéico.
 Pesquisa:

Vários centros especializados, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) pesquisam ativamente como incrementar as propriedades nutricionais do feijão. Uma das estratégias visa reduzir sua concentração de taninos e fitatos – fatores antinutricionais que, por queralem cálcio, ferro, magnésio e zinco, comprometem a quantidade desses minerais que é efetivamente retida pelo organismo. Tal expediente leva em conta o fato de que esses fatores antinutricionais não podem ser eliminados completamente, uma vez que constituem importante fonte de fósforo para germinação da semente.
A análise da composição centesimal e o estudo da biodisponibilidade de minerais presentes no feijão ocupam papel central de uma pesquisa empreendida pela professora Norka Beatriz Barrueto Gonzalez, do Curso de Nutrição do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu. Ao avaliar as variedades de feijão mais consumidas no País (todas elas obtidas por melhoramento genético pela EMBRAPA), a pesquisadora constatou que o carioca, o preto, o branco e o rosa são os mais nutritivos, superando em 25% o teor protéico e em 300% o teor de cálcio dos demais. Em um país como o Brasil, em que a dieta geral é pobre em cálcio, a pesquisadora pondera que o feijão pode ser instrumental na prevenção de osteoporose precoce.
Em uma segunda etapa, o braço experimental desse mesmo estudo utilizou ratos Wistars, recém-desmamados, para determinar a biodisponibilidade de minerais a partir de dietas com diferentes tipos de feijão. Cálcio e magnésio figuraram entre aqueles mais bem absorvidos, enquanto cobre e zinco o fizeram em menor proporção.
Como esperado, todos os feijões nesse estudo apresentaram deficiência de um ou mais aminoácidos, sublinhando a necessidade de que seu consumo esteja associado a um cereal.

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Tabela 1 – Composição nutricional (por 100g)

Feijão-preto
Feijão-carioca

Calorias
77 cal
76 cal

Proteínas
4,5 g
4,8 g

Lipídios
0,5 g
0,5 g

Colesterol
0,0 mg
0,0 mg

Carboidrato
14 g
13,6 g

Fibra
8,4 g
8,5 g

Cálcio
29 mg
27 mg

Ferro
1,5 mg
1,3 mg

Potássio
256 mg
255 mg

Fonte: Nucleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp.



Bibliografia: 
Feijão.  In: Foco – Nestlé Bio Nutrição e Saúde. São Paulo: ano 3, nº6, julho 2008. p.37-41



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